domingo, 1 de março de 2015

O mais lindo poema



Na hora mais triste do dia,
Instante exato em que o sol se põe por completo
E não há uma única luz da cidade acesa,
Me veio a inspiração.
Meu poema nasceu no meu último instante de lucidez,
Pouco antes de ser completamente absorvida
Por uma loucura sadia.
A loucura de viver!
Meu poema tinha gosto
De verdades que precisam ser ditas.
Foi escrito enquanto eu vivia o mais alto grau de solidão
E aspirava aos desejos mais simples.
Eu queria ler livros, cuidar de plantas,
Ouvir velhas canções, rever amigos.
Não se percebe se meu poema
É alegre ou triste.
Veio ainda com influências
Da minha eterna indecisão
(o fato de ser geminiana, justifica?).
Enquanto eu buscava solução
Para todos os meus problemas
E me afundava mais neles,
O poema nasceu.
Chegou no momento em que eu tentava
Me libertar de correntes que me prendiam há tempos.
Foi regado com as lágrimas
Que por orgulho eu deixei de chorar
E cercado pelos sorrisos
Que por receio eu deixei de sorrir.
Mas, o poema nasceu,
Fruto dos meus sonhos e ideais,
Como um intruso talvez,
Um filho não planejado
Mas que se ama apesar de tudo.
Foi meu maior grito de revolta
E meu mais sincero desejo de liberdade.

A razão de ter sido o mais lindo?
No meu de tanta tristeza
Ainda houve inspiração para escrever...



Poema Vago


Ao primeiro toque
Se abriu a porta dos sonhos
(e eu que pensava ter perdido a chave há tanto tempo...).
Soltaram-se as bruxas
E os antigos fantasmas
Habitavam o meu lar novamente.
Idéias e lembranças
Já não me pertenciam,
Voavam pelo espaço vago do meu quarto.
E eu, inconsciente, perplexa, via:
- A caixa de vidro inviolável se partira! -
(e eu que achava que ela já não existia...)
Sem que eu quisesse
Minha respiração se tornou mais ofegante,
As palavras que eu havia calado, fluíram
Meu sorriso voltou a reinar
E brilho morno apagado em meus olhos, ressurgiu.
E foi aí que percebi!
Me senti fora de mim,
Como se houvesse uma revolução em meu corpo.
Eu, a dona do mundo e verdade,
Poderosa e soberana dos sentimentos
Me vi incapaz de controlar meus sentidos.
Eu, a indiferente, me vi sonhando,
Revendo o passado,
Eu, a forte e fria, me vi desamparada chorando.
Eu não tinha poder sobre a caixinha dos sentimentos.
Ela não me pertencia, não tinha dono, nem chave,.
Não era de vidro inviolável como eu pensava.
Ela se abre e libera os sonhos
Quando ela quer.
E só então eu me dei conta da minha fraqueza.

Sono de Anjo


Apaguem a luz,
Quero dormir,
Esquecer...
Desliguem tudo.
Barulhos me perturbam,
Me tiram o sono.
E eu preciso descansar
Dessa saudade.

Fumaça


Mais um cigarro,
Outra tragada,
Voa, fumaça!
Voa leve e solta
Que eu te acompanho.
Aprendi a bater minhas asas,
Me sinto fumaça,
Voando também leve e solta.
Sou livre: posso voar!
Já não me importa o mundo,
A crise, a bomba,
Nem os outros me incomodam.
Vivo em paz comigo
E é o que importa.
Voa, fumaça,
Que a vida lá fora me espera.
Há tanto vento forte,
Tanta coisa bela,
Que só indo para viver.
Cansei de dar passo em falso,
De tatear no escuro,
De ter medo.
Chega!!!
Vai, fumaça,
Que depois o vento se encarrega
De te levar pra longe,
De me levar pra perto
Do que eu quero.
(e eu não quero muito)
Quero preencher a vida
De quem me completa,
Fazer feliz a quem me faz.
(e é tão pouca gente...)
Quero isso e nada mais.
O que passou, passou.
O que vale é o agora, o presente.
Quero vivê-lo intensamente!
Então,
Arde, fogo,  me incendeia
E deixa sempre acesa a chama!
Sopra forte, vento,
Levanta a fumaça
E me leva junto!
Eu preciso ir de encontro ao futuro,
Sonho com um futuro feliz
Apesar de saber que no final
Só restam cinzas...


Constantino





Natal me lembra meus pais
Que adoravam o natal
E celebravam a família nesta data.
Em especial, meu pai...
Revejo-o fazendo presépios, montando árvores,
Enfeites, velas, colocando luzes
E tornando minha infância inesquecível.

Depois que meu pai morreu, meu sonho de filha apaixonada era ter uma rua com o nome dele, uma escola, uma biblioteca já que ele gostava tanto de livros. Eu queria eternizá-lo! Difícil... Andarilhos que fomos, não criamos raízes nem história em lugar algum. Meu pai não foi uma pessoa pública nem famosa. Foi importante, sim, mas apenas para quem teve o privilégio de conviver com ele. Meu pai era educado, culto e essencialmente bom. Acreditava sempre no melhor das pessoas, valor que adotei em minha vida e tento passar aos meus filhos.

Meu sonho ficou adormecido.

Foi desperto em junho desse ano com o choro de um menino recém nascido.
Neto da filha “descaradamente” predileta de papai,
Filho de um neto apaixonado por ele,
Primeiro bisneto homem dele
E que orgulhosamente se chama
CONSTANTINO !!!
Quem precisa de nome de rua ou escola pra carregar seu nome quando se tem uma criança da família pra isso?!
O nome do meu pai permanece na família, sua memória continua viva entre nós.
A homenagem me deixou comovida e realizada.
Onde estiver, meu pai deve estar enchicharradamente feliz.
16.12.2008

Achados


Hoje lembrei de você.
Procurei sem achar suas cartas,
Procurei em vão seus retratos.
E não sei se rasguei
Em acessos de ira...
Não achei nenhum vestígio de você,
Como se tudo não passasse de sonho,
Coisas de uma cabeça perturbada,
De onde vinham essas lembranças,
Já que você nunca existiu?
Mas, veio alguém e perguntou
Se eu tinha noticias suas
E você se tornou real.
Você existiu!
Pena que não acreditou no meu amor.
Se foi antes do final feliz...

(198...)