terça-feira, 17 de novembro de 2009

Quimera


Quisera eu, poder suavizar com carinhos
As rugas do teu rosto, apagar o sofrimento.
Poder tirar dos teus ombros
Todo o peso dos teus problemas.

Quisera eu, poder te provar que tudo passa
E que não há motivo para ter medo.
Ter as respostas certas
Para as tuas dúvidas e angústias.

Quisera eu, trazer de volta os sonhos perdidos
Resgatar tua esperança.
Estar sempre perto
Para nunca mais chorares sozinho.
Quisera eu, nas horas difíceis te oferecer meu afeto,
Te indicar o melhor caminho.
Te mostrar o que conheço de mais belo
Seja lugar, palavra ou sentimento.

Quisera eu, te pegar pela mão
E te levar comigo.
Te oferecer meu abraço sincero
Te dar meu amor como abrigo.

Quisera eu,
Te fazer entender o que sinto.
Quisera eu...
Porque te quero!

Trinta Anos



Trinta anos
Minha vida
Um filho lindo
Um ótimo marido
Parentes nota dez
Alegrias muitas
Tristezas algumas
E a saudade enorme
Do meu pai.

Trinta anos
Minha vida
Um caos financeiro
Sempre à espera
Do sonho profissional
Que não vem
E a saudade enorme
Do meu pai.

Trinta anos
Uma vida...
Poucos arrependimentos
Muitas convicções
E a certeza cruel
De que nunca mais
Serei pequena
No colo do meu pai
Tendo a vida inteira pela frente...

(obs - dez anos se passaram, mais 2 filhos chegaram, o emprego dos meus sonhos aconteceu só a saudade é a mesma...)

ENFIM


Sempre me faltou coragem
Nas grandes decisões
Entre ser ou não ser
Entre ter ou não ter
Entre ir ou ficar.
Pesava sempre
O que iam dizer
O que iam pensar.
Jamais tive coragem
De decidir por mim.
Perdi o grande amor
Deixando a felicidade
Escapar entre as mãos...
Hoje incrédula
Vejo o que fiz da minha vida...
Mas já não sou assim.
Agora, na dúvida,
Fecho os olhos e sigo em frente!
Me arrepender?
Talvez...
Mas só depois de ter feito!
E que das cinzas do que não fui,
Renasça a verdadeira fênix de mim.
A lição aprendi:
JAMAIS FALAR NÃO
QUANDO O CORAÇÃO DIZ QUE SIM.
(texto escrito em 19/01/2000)

sábado, 31 de outubro de 2009

Profana


Eu destruí lares
Violei segredos
Revelei verdades
Tirei teu sossego.

Violentei teu corpo
Te induzi a erros
Inspirei desejos
Dos mais puros aos mais obscenos.

Que outras sejam santas...
Eu serei perdida!
Cometi pecados
E jurei mentiras.

Alimentei sonhos
Apontei defeitos
Desnudei a alma
Me mostrei por dentro.

Te amei com garras
Te marquei com dentes
Toda erva daninha
Plantei a semente.

Te levei ao vício,
Virei dependente
Desse amor que é terno
Mas maltrata a gente.

Despi minhas roupas,
Me despi dos medos.
Quebrei tuas regras,
Me tornei descrente.

Vivo de migalhas
Sobras de carinho.
Eu carrego a culpa
Pelos teus pecados.

Eu mereço a cruz
De não te ter comigo,
Pois você é flor
Eu serei sempre espinho.

E apesar de tudo
Visto o meu sorriso.
...E maldita eu seja,
Por ser tão feliz!




quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Eles não sabem nada

Eles não sabem da minha poesia
E se soubessem
Não entenderiam

Eles não sabem nada
Nada de mim
O que eu faço
O que como
O que bebo
O que gosto

Não sabem da minha alegria
E que longe deles
Meu sorriso é escancarado

Eles não sabem
Que eu canto
Que eu danço
Que eu brinco
E que eu sonho

Desconhecem meus desejos
Eles não sabem
Nada de nada

O que penso
O que quero
O que vejo
O que sinto
Eu prefiro
Que eles ignorem

Eu não preciso deles
Preciso da verdade
Dos que me querem bem

29.10.2009

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Reflexões IV

(sobre o casamento)

ESTAR CASADA É UMA TREMENDA PROVA DE AMOR.

CASAMENTO É FAZER SEMPRE O QUE SE DEVE E NEM SEMPRE O QUE SE QUER...

O BOM DO CASAMENTO SÃO OS FILHOS, ELES JUSTIFICAM TUDO, ATÉ O CASAMENTO.

IMAGINO QUE NA VELHICE É MELHOR ESTAR CASADA QUE NÃO.
PELA COMPANHIA, PARTILHAR LEMBRANÇAS COMUNS...
MAS SÓ CHEGANDO LÁ PRA SABER.

QUE FIQUE CLARO:
NÃO TENHO NADA CONTRA O CASAMENTO
TANTO QUE SOU CASADA E NA MEDIDA DO POSSÍVEL SOU FELIZ.
SÓ NÃO INVEJO O CASAMENTO DE NINGUÉM E
NÃO ACHO NENHUM PERFEITO.
(NEM O MEU...)

Reflexões III

(sobre os filhos)

O BOM DO CASAMENTO SÃO OS FILHOS, ELES JUSTIFICAM TUDO, ATÉ O CASAMENTO.

MEUS FILHOS JUSTIFICAM TUDO.
TODOS OS EXCESSOS DE ZELO, TODOS OS CARINHOS, TODOS OS SACRIFICIOS
COMO DIRIA MINHA MÃE: “ANDARAM AQUI DENTRO...”
NÃO PODE EXISTIR SENTIMENTO MAIOR. ELES SÃO A RAZÃO DE TUDO.
EU SABIA QUE SERIA ASSIM E POR ISSO PEDI TANTO A DEUS POR ELES.
VALEU TODO SACRIFICIO PRA SER MÃE DE TRÊS HOMENS,
QUE EU ESPERO QUE SEJAM MELHORES DOS QUE EU CONHECI...
ESTOU TENDO OPORTUNIDADE DE EDUCÁ-LOS PARA SEREM HOMENS DE BEM...
É MUITA RESPONSABILIDADE.

EU NUNCA QUIS TER FILHAS...
AMO SER MULHER, ADORO O UNIVERSO FEMININO.
AMO AS MULHRES COM QUEM CONVIVO, AS MELHORES AMIGAS SÃO MULHERES... CUSTEI A DESCOBRIR ISSO, MAS FILHAS NÃO.
DEMOREI MUITO PRA ACEITAR MINHA CONDIÇÃO FEMININA
SOFRI PARA SER EU MESMA COM MINHA ALEGRIA
SOFRI COM PAIXOES, SOFRI COM PRECONCEITOS MACHISTAS,
SOFRI COM COISAS QUE MEU IRMAO PODIA FAZER E EU NÃO,
SOFRI COM O QUE NÃO FICAVA BEM PRA UMA MOÇA,
SOFRI POR ESCOLHAS QUE NÃO FIZ PARA SER UMA "MOÇA DE FAMILIA",
SOFRI POR NÃO TER CORAGEM...
ACREDITO QUE SOFRERIA AINDA MAIS SE TIVESSE UM SER FEMININO SOB MEUS CUIDADOS.
O MUNDO MUDOU, MAS ÀS VEZES CONTINUA O MESMO...
NÃO GOSTARIA DE VER ALGUEM SOFRENDO O QUE SOFRI...
PREFIRO MEUS MENINOS HOMENS... É NOVIDADE PRA MIM...
E É BOM SABER QUE ESTOU TENDO A OPORTUNIDADE DE FAZER
HOMENS MELHORES...

Reflexões II


(sobre mim)

MINHA ESSÊNCIA É DE PURPURINA.
LINDA,LEVE E CINTILANTE...

SOU INTENSA.
AS PAIXOES QUE VIVI FORAM INTENSAS.
AS ALEGRIAS TRANSBORDANTES.
TODA DOR QUE SOFRI FOI IMENSA.
SOU ASSIM OVER
SUPERLATIVA NOS SENTIMENTOS.
MEUS AMIGOS SÃO ETERNOS
MEUS AMORES SÃO ETERNOS
NESSES ANOS TODOS NÃO DEIXEI DE AMAR NINGUEM.
QUEM JÁ NÃO FAZ PARTE DA MINHA VIDA,
AMO AINDA SÓ PORQUE ALGUM DIA FEZ...

MEUS SONHOS SÃO TÃO REAIS QUE ÀS VEZES ME CONFUNDO...
TENHO DIFICULDADE EM SEPARAR AS LEMBRANÇAS REAIS DAS QUE SONHO...

O Sonho em Agosto


Foi apenas um sonho.
Mas foi tão real, tão bom, tão bonito...
Foi puro.
Sentimento puro.
Sentimento há muito esquecido.
Um toque de mãos foi como um toque de almas...
O desejo de estar junto era tão forte que chegava a ser doído.
Quem seria?
Qual a razão desse sonho?
Terá mais alguém partilhado esse sonho comigo?
Às vezes a vida é tão crua,
Que sonhar é preciso.
Estranho...
Foi apenas um sonho.
Mas mexeu demais comigo...

Reflexões I

(sobre meu nome)

CHARMENE DE FÁTIMA, MEU NOME...
CHARMENE... NASCI COM O NOME PRONTO...
CONSIGO VÊ-LO LUMINOSO...
JÁ QUIS SER ATRIZ, CANTORA, POETISA, DANÇARINA...
ENQUANTO AS MENINAS DA MINHA INFANCIA QUERIAM SER PROFESSORAS OU VETERINÁRIAS...
EU TEIMAVA EM SER CHACRETE!
SER GEMINIANA É DOSE...
ENQUANTO UM LADO QUERIA SER ARTISTA PRA BRILHAR COM O NOME CHARMENE, O OUTRO TEIMAVA EM SER NORMAL PRA HONRAR O DE FÁTIMA.
E EU CRESCI EQUILIBRANDO OS DOIS LADOS NA BALANÇA.
ORA PENDIA PRA UM LADO, ORA PRO OUTRO...
O LADO ARTISTA ERA FORTE.
FIZ TEATRO AMADOR, SAI PELAS RUAS DE PALHAÇO, FIZ POESIAS, CANTEI...
FALTOU UM POUCO DE LOUCURA E CORAGEM PRA SEGUIR ADIANTE,
E O DE FÁTIMA VENCEU.
SER NORMAL, MOÇA DE FAMILIA, ESTUDAR, TRABALHAR, CASAR, TER FILHOS,
ME EXIGIU MENOS SACRIFICIOS E ESFORÇO.

MAS AINDA ACHO QUE TENHO UM NOME DESPERDIÇADO...
CHARMAINE...

Mãos


Imagino as mãos de menino
Descobrindo o mundo,
Tateando,
Brincando,
Aprendendo.
E as mãos de adolescente,
Descobrindo “outros mundos”,
Buscando sonhos,
Fazendo planos,
Crescendo.
Penso nas mãos do rapaz apaixonado,
Às vezes tímidas e inseguras,
Outras afoitas e aflitas,
Que avançaram e recuaram,
E que de mãos em mãos,
Abraços em abraços,
Escolheram a preferida.
E tiveram seu Grande Dia
De união com a escolhida,
Com mãos suadas e frias...
Percorreram o corpo da amada
No início com recato
Até adquirir maestria.
Com o tempo vieram os filhos.
E essas mesmas mãos
Embalaram os meninos,
Deram colo, carinho,
Quando preciso, correção.
As mãos estudaram, trabalharam
Puseram na mesa, a cada dia, o pão.
Eu me pergunto, durante toda a vida:
- Quantas vezes essas mãos juntas em oração pediram força?
- Quantas vezes deram e buscaram carinho?
- Quantas vezes colocaram no papel o que havia no peito?
- Quantas vezes cobriram o rosto no choro sozinho?
Mãos carinhosas e carentes
Calejadas e persistentes.
E que no futuro, mesmo senis,
Não deixarei de amar,
Porque são as TUAS.

Para Isabella


Ela deve ter muitos sonhos,
Lindos e coloridos...
Com flores, bichos e anjinhos...
Seu sono é tão tranqüilo
Que ela parece estar sorrindo.
E ela se espreguiçando?..
E se virando?..
Abrindo os olhinhos
E tornando a fechar?..
Chupeta da boca caindo...
_Silêncio! Ela pode acordar!
De repente ela sorri
Mostrando os dentinhos
E eu chego a babar...
Podem até dizer que é corujice
Mas para mim não existe
Nada no mundo mais lindo
Do que
Isabella dormindo...


27/12/1993

domingo, 18 de outubro de 2009

ESPERA (for ever...)


Eu esperei
Ser escolhida
Esperei por
Um sim ou não.

Eu esperei
Na janela
Na esquina
No portão.

Eu esperei
Uma carta
Um telefonema
A sua chegada
Uma decisão.

Eu esperei
Dias
Meses
Anos
Eu esperei em vão...
14/10/2009

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

O Homem Perfeito

Constantino


Natal me lembra meus pais
Que adoravam o natal
E celebravam a família nesta data.
Em especial, meu pai...
Revejo-o fazendo presépios, montando árvores,
Enfeites, velas, colocando luzes
E tornando minha infância inesquecível.
Depois que meu pai morreu, meu sonho de filha apaixonada era ter uma rua com o nome dele, uma escola, uma biblioteca já que ele gostava tanto de livros.
Eu queria eternizá-lo!
Difícil...
Andarilhos que fomos, não criamos raízes nem história em lugar algum.
Meu pai não foi uma pessoa pública nem famosa.
Foi importante, sim, mas apenas para quem teve o privilégio de conviver com ele.
Meu pai era educado, culto e essencialmente bom.
Acreditava sempre no melhor das pessoas, valor que adotei em minha vida e tento passar aos meus filhos.
Meu sonho ficou adormecido.
Foi desperto em junho desse ano com o choro de um menino recém nascido.
Neto da filha “descaradamente” predileta de papai,
Filho de um neto apaixonado por ele,
Primeiro bisneto homem dele
E que orgulhosamente se chama
CONSTANTINO !!!
(Quem precisa de nome de rua ou escola pra carregar seu nome quando se tem uma criança da família pra isso?!)
O nome do meu pai permanece na família, sua memória continua viva entre nós. A homenagem me deixou comovida e realizada. Onde estiver, meu pai deve estar enchicharradamente feliz. 16.12.2008

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

PARA A PERA SENTADA DE LÚCIA


Adoro peras.
O formato,
A cor,
A textura,
O suculento sabor.
Comer peras
Me dá prazer,
Como permitir
Pequenos luxos.
Me remete
À minha infância:
- Onde comer peras
Era extravagância.
- Onde eu queria
Ser porca em Portugal
(pois lá davam peras aos porcos).
Eu adoro peras
Pelos significados
Que elas têm para mim.

... E que a de Lúcia,
Continue sentada
À minha espera...

Charmene 12/08/2009

terça-feira, 11 de agosto de 2009

IR


Eu precisava ter asas
Para a liberdade que sonho...

Eu precisava ir no vento
Pra conhecer mundo todo...

Eu sou tempestade
Transbordando
Sentimento...

Impossível me conter!!!

Charmene 12/08/2009

HERANÇA


Tenho em mim fragmentos deles...
Otimismo, bom humor, improviso
Herdei de Eglantine.
Nada me abala!
Que me venha o “catálogo” de mazelas
Que eu tropeço, mas não caio.
Boa vontade, sorriso, simpatia
Fé, esperança, alegria.
Bebi da fonte dela
Minha mestra,
Boa herança.

De Antonio, não sei não...
Herdei o sangue lusitano,
Apaixonado por tudo, por todos.
Imenso coração...
Alma de conquistador
Sempre insatisfeito.
Uma saudade do que nem sei...
Como se meu tempo não fosse esse.
Eternamente à espera
Do que não virá
De quem não virá
Do que não será.
Herança maldita essa,
De ter um coração
Que não cabe no peito,
Que bate sem jeito
Que sofre por tudo
Que sente por tudo
Que ama demais
Que quer sempre mais...

A minha herança:
É ser alegre e ser triste.
É sorrir e chorar.
É sofrer e gostar.
É sentir tudo junto
E não saber explicar.
É ter e não se conformar.
É ter certeza e duvidar.
É estar à espera do que não virá.

Charmene 11/08/2009

segunda-feira, 29 de junho de 2009

O LIVRO


O livro emprestado
Fez-me estragos
Só em pensar
Que as mesmas páginas
Que eu folheava
Foram percorridas
Uma a uma
Pelas tuas mãos.

O livro emprestado
Deu-me rubores
Ao imaginar
Que todas as letras,
Detalhadamente,
Foram observadas
E decifradas
Pelo teu olhar.

O livro emprestado
Guardo com zelo, pois
Despertou-me desejos
Ao supor
Teres adormecido
Com ele entre as mãos.

O livro emprestado
Acelerou-me o peito
Deu-me calafrios
Trouxe-me o despeito,
A inveja:
Ele esteve contigo
E eu não.

Que o Chico Buarque nunca cruze o meu caminho


Que o Chico Buarque nunca cruze o meu caminho...
Pois eu sou uma jovem senhora,
Casada, bancária,
Mãe de três filhos,
E se isso acontecer
Eu perco o juízo.
Adoro todas as fases do Chico...
O dos anos 60, dos festivais, da Banda;
O dos anos 70, da ditadura, de Cálice;
O dos anos 80, sem bigode, do Vai passar;
O dos anos 90, escritor, de Paratodos;
O do ano 2000, mais maduro, de Futuros Amantes.
Que o Chico Buarque jamais me apareça,
Para eu não perder a cabeça...
Que eu tenho um fraco por olhos claros
E os do Chico são os mais lindos...
Até concordo se dizem que não é belo,
Mas que culpa tenho
Se com o seu sorriso, me desconcerto?
Durante toda a minha vida
Através das suas canções
Ele esteve comigo.
Então espero NUNCA conhecer o Chico
Para não correr riscos,
Para não pagar micos...
Porque se algum dia eu trombar com o Chico,
Eu não respondo pelos meus atos...
Rasgo a roupa, desço do salto e
Vou querer convencê-lo
De que embora não saiba,
Ele foi feito para mim!
E vou dar trabalho
Até cair em mim,
Descer das nuvens
E deixa-lo ir...

Charmene
(delirando com Chico Buarque em 27 de junho de 2009)

terça-feira, 9 de junho de 2009

FAZER O BEM


Fazer o bem
Sem olhar a quem
Não importa aonde
Nem como
Desde que se faça
Bem
Caridade
Não depende de dinheiro
E sim de vontade
Boa vontade
Basta querer
Pode ser um sorriso
Um carinho
Um beijo
Um abraço
Um pegar na mão
Uma palavra
Ou mesmo o silencio
Uma atenção
Fazer o bem
Sempre
A todos
A todo momento
Doar sentimento
Alimento
Ungüento
Minimizar sofrimento
Do corpo
Da alma
Do coração
Doar amor
É mais fácil
Do que se imagina
Basta estar atento
Ao caminho
Ao seu lado
Pode ter alguém
Precisando
De alimento
De agasalho
De carinho
Ignorar
Virar as costas
Negar
Pode ser mais cômodo
Mas
Estender a mão
É divino.

Charmene
09/06/2009
apaixonada pelas crianças do orfanato

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Sonhos e Delírios


Eu gosto de sonhar que sou livre,
Que tudo posso idealizar.
Sonho que sou pluma no vento,
Leveza de pensamento,
Piaba nadando solta no rio,
Água limpa corrente,
Pássaro planando no firmamento,
Canção no ar...
Eu gosto de sonhar que sou livre,
Que sou dona de mim,
Da minha alma e do meu corpo,
Do meu NÂO do meu SIM,
Porque nem sempre é assim...
Eu preciso desses momentos
De sonhar e imaginar,
Para suportar a realidade
E conseguir continuar.
Sonho ser dona do meu destino,
Mas só meu pensamento
Ainda é meu...

Charmene
04 de junho de 2009

domingo, 24 de maio de 2009

O Homem Perfeito



É naturalmente cavalheiro,
Sem exageros.
É elegante sem excessos
(jamais usaria pochete!).
Tem um sorriso que desconcerta,
E só sorri para você.
Somente tem olhos para você
Olhos que falam e não mentem.
Gosta de dançar, mas sem dar show
(fuja dos “mestres-salas”!).
Para ser perfeito, tem que ser discreto.
Gosta de vinho, boa música,
Luz de velas e cumplicidade.
Acredita no poder de beijos e abraços.
Sabe que carinhos e massagens desarmam.
Jamais comentaria intimidades divididas.
Não dorme antes de você adormecer...
Não lhe deixa insegura no dia seguinte:
Sinaliza com telefonemas e flores.
É romântico, inteligente, educado,
Generoso e não esquece datas.
Apesar da correria do dia a dia,
Tem sempre tempo para você.
Eu NUNCA encontrei um desses...
E você?

Saudade Dela


Já se passaram seis meses, e tem dias que a saudade fica pior...
Parece a confirmação de algo que eu já sabia desde a morte de papai:
parece que nunca mais nenhuma felicidade será completa.
Só quem vive pode avaliar...
Sinto emoções diferentes, me vejo fazendo e dizendo coisas que ela dizia, como se a vida dela continuasse na minha, ou como se ela estivesse tanto em mim, só que com ela perto eu não percebia.
Tudo ficou diferente.
Faço doces que ela fazia, para matar saudade, mas eles não ficam iguais.
E de repente me lembro de pratos que só ela sabia fazer e que eu nunca mais vou provar.
Revejo retratos tentando lembrar do momento, analiso as roupas, o olhar, o sorriso dela, e procuro em tudo as mãos dela, tão marcantes e habilidosas... Saudade do afago.
Vontade de deitar no colo dela e me deixar ficar...
Saudade...
E vem às vezes um desgosto...Dos meus filhos serem privados da convivência com meus pais. Eles iam se curtir tanto...
E tantas vezes eu me sinto tão órfã... Como se ninguém pudesse me amar como eles me amavam... É um vazio tão grande, pois nessas horas eu me dispo dessa mulher resolvida que sou e volto a ser a menina de sempre cheia de medos e inseguranças...
Precisada de ajuda e conselhos.
Ser tão despachada às vezes me conforta, pois de onde eles estiverem podem ver que eu não fui um caso perdido. Eu venci. Pequenas vitórias, é certo, mas eu venci minhas batalhas interiores e perdi o medo que eu tinha do mundo.
A gente era feliz e nem sabia... Até nossos sorrisos eram mais verdadeiros...
Por que a vida é assim?
Nunca mais terei para quem dançar a minha dança manca, que ela tanto adorava e que eu só fazia para ela... Acho que nunca mais serei engraçada para ninguém, pois ela via em mim um humor que nem eu vejo.
Vontade de entrar na casa dela chamando:
_ Mãe!
Vontade de cantar pra ela:
_ Ei, Flor...
Saudade de ouvir:
_Quem é amiga?

Para Sávia


Tem coisas que precisam ser escritas, se forem ditas correm o risco de parecer piegas.
Por isso escrevo.
Você está de parabéns! A sua família está de parabéns! Somos nós e a cidade que agradecemos.
Se mamãe fosse viva estaria tão orgulhosa de você... Como nós estamos.

Eu estou encantada...
Conhecer o ICAD fez bem para a alma.
Lá, ouvi sobre pessoas da terra, sobre a história dos antigos, a homenagem a elas, ao rio, vi o belo, vi o bem ao outro, vi pessoas queridas presentes, ouvi gente que falou tanta coisa importante, vi o sorriso iluminado de D. Antonia e ouvi emocionada a lucidez de Seu Demóstenes.

Saí de lá, pisando em nuvens e comentando com Lúcia que eu não conseguiria dormir sem escrever sobre esses sentimentos.
Bordados, me lembram linhas, me lembram nós, me lembram laços. Laços como os que me unem a sua família.

Eu menina, fui sua vizinha e você talvez nem saiba o quanto isso foi marcante.
Eu via você como uma mulher linda com jeito de menina. Ainda vejo a menina em você, mas como ela cresceu... Virou gente grande, ou mais, virou grande gente.
Lembro da música Jura Secreta, meu amor enorme por Zezinho, um teatro de fantoches “Meu reino é do clarear, meu corpo é todo sertão”, D.Antonia na varanda, uma paixão (inconfessável) por Demostinho.
Lembranças felizes...

Vendo hoje o trabalho de vocês, dá um orgulho... Daqueles de encher o peito...
Parecido com o que senti ao ver vocês no Jô e ao ver os livros todos.
Então era preciso eu falar disso, foi mais fácil escrever e aproveitar para sugerir um espaço no ICAD pra poesia. Quem sabe encontros poéticos, contadores de histórias, de causos, lançamentos de livros...
O Espaço permite tudo isso e muito mais...

Você citou um poema que fala em caçar o belo...
Sávia, em você nem é preciso porque a beleza transborda.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

A Sombrinha


É preciso personalidade
Para sair de sombrinha aberta num dia de sol.
(para não dizer coragem...)
Chama atenção.
Bem mais que um curativo no rosto e
Bem menos que um chapéu
(posso dizer por experiência própria).
Uma sombrinha foi feita para isso,
Para nos proteger do sol,
Se não seria ”abrigozinho” ou “sequinha”.
Não sei por que tanto espanto?
Imagino que se eu tivesse nascido em outra época
Eu seria fashion...
No tempo das anquinhas, golinhas altas,
Mangas compridas, vestidos longos...
Não sou do meu tempo.
Meu corpo não é para o meu tempo.
O sol que me encanta me maltrata.
A sombrinha me permite extravagâncias
Como mangas cavadas e pernas de fora:
Em plena luz do dia!
(me proibiram isso, acredita?!)
É preciso atitude
Para sair de sombrinha num dia ensolarado.
As pessoas olham, se incomodam,
Fazem piada ou comentários,
Pois não entendem:
Como é difícil ser diferente...
Mas isso tudo eu tiro de letra...
Olhares, comentários,
Protetores, cicatrizes e
Sombrinhas!!!
Fácil, fácil,
Para quem já saiu
“Normalmente” pelas ruas
Vestida de palhaço.

Charmene
15/05/2009

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Colégio São João Batista


Hoje eu passei na calçada do colégio onde estudei por anos.
O “meu colégio” já não existe embora funcione outra escola no prédio.
Em questão de segundos um filme passou na minha cabeça e eu pude lembrar:
Dos colegas da época,
Dos professores (alguns já falecidos),
Do cheiro das flores do pé de acácia que não existe mais,
Do frio matutino que foi banido da cidade,
Do meu jeans surrado e justo que me fazia sentir o máximo,
Dos namoros e paqueras,
Da liberdade adolescente,
Das canções da época,
Do primeiro beijo,
Do primeiro amor,
Da primeira fossa,
De olhar as estrelas no telhado,
De procurar óvnis e estrelas cadentes,
Da casa cheia de amigos,
Das cantorias e do violão,
De me arrumar para sair,
De dançar a noite toda
Até o tango tocar,
Das recomendações dos meus pais,
Da falta de grana que não fazia falta,
Da minha alegria desmedida,
Do meu jeito de menina
Dos meus laços, babados, bordados,
De ser arroz e bombom de festa,
Dos banhos de rio, da praia,
Do meu corpo perfeito (e eu nem percebia...),
Dos lugares aonde eu ia,
Aonde todo mundo se encontrava,
De ver o por do sol todos os dias
Porque cada dia era diferente.
Da minha inocência
De achar que seria para sempre...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

OS HOMENS DA MINHA VIDA

Os homens da minha vida são muitos...
Um deles foi meu pai, amoroso,
Deu-me carinho, cartas, versos mancos,
Músicas engraçadas, apelido
E uma inesquecível viagem de mãos dadas...
Outro é meu irmão, meu amigo, com quem eu posso contar
E dono da verdade até quando está errado...
Tenho outro irmão, “de criação”,
Que foi tirado de mim na infância,
Mas que povoa minhas lembranças boas.
Meus cunhados também são homens da minha vida,
Que eu amo desde pequena,
Que me sustentaram, me acolheram, me aturaram e
Proporcionaram conforto e segurança nos momentos difíceis...
Tenho dois sobrinhos especiais,
Um eu amo como se fosse um irmão,
O outro amo como se fosse meu filho.
(quem é quem eles jamais saberão...)
Outro homem da minha vida
É meu companheiro de caminhada
Que me deu meus filhos e
Com quem pretendo envelhecer
Desde que... Ele sabe!
Nessa relação de homens da minha vida
Coloco apenas dois amigos
Que já me deram prova dessa amizade
E de que com eles posso contar.
Entre os homens da minha vida
Encontram-se três meninos
Que ainda não são os “meus”...
Dois são afilhados e fico honrada por isso
E o outro é meu afilhado de coração...
Alguém que o destino colocou em meu caminho
Para eu amar incondicionalmente e
Que tem uma afinidade visível comigo...
Os “meus meninos” também são
Homens da minha vida...
Eles são minha razão de ser,
De querer ser melhor, de tentar,
De querer acertar, de lutar...
Com eles aprendo ensinando,
Com eles acerto errando,
Perco a cabeça, a paciência
E depois me arrependo...
São apenas meninos...
Os meus meninos...
Todos esses homens
Fazem parte da minha vida
E ajudaram a construir
A mulher que eu sou...
Agradeço a Deus
Por ter colocado cada um deles
No meu caminho...
Homens da minha vida...

domingo, 29 de março de 2009

O QUE EU QUIS


EU QUIS TANTO PARA MIM...
QUIS SER MÉDICA,
ALTRUÍSTA,
CUIDAR DE IDOSOS E CRIANÇAS
SALVAR VIDAS, FAZER O BEM,
MAS NÃO FOI BEM ASSIM...

EU QUIS MAIS...
QUIS SER FAMOSA,
QUIS SER ATRIZ,
EMOCIONAR COM MEU TALENTO,
QUE DE CERTO EU NEM TINHA...

EU QUIS TANTO...
QUIS SER CANTORA OU MUSICISTA
SEM QUEDA PARA MUSICA
EU ERA ATÉ AFINADA
MAS UMA VOZ COMUM...

EU QUIS SER SANTA,
PENSEI ATÉ EM SER FREIRA
TENTAVA ENCHER DE BOAS AÇÕES
OS MEUS DIAS
MAS MEU ESTOPIM CURTO
E A FRANQUEZA POUCO FRANCISCANA
PUNHAM POR AGUA A BAIXO
MEUS BELOS INTENTOS

QUIS VIVER UM GRANDE AMOR
DESSES DE NOVELA
UM CONTO DE FADAS
COM UM HOMEM LINDO
E LOUCO POR MIM...
E NEM SEMPRE FOI ASSIM

EU QUIS SER ESCRITORA, POETISA
DESDE PEQUENA
ENCHIA CADERNOS DE VERSOS
TEIMOSA ATE HOJE ESCREVO
POEMAS TORTOS, MANCOS
LIDOS APENAS POR MIM

EU QUIS TANTO PARA MIM...
QUIS VIAJAR MUITO
CONHECER O MUNDO
SER RICA
FAZER O BEM
SER BOA
SERVIR DE EXEMPLO
E FUI UMA PESSOA COMUM
ARROZ COM FEIJÃO

MINHA DIFERENÇA DAS PESSOAS COMUNS
É QUE EU QUIS MUITO E SONHEI DEMAIS
DESCOBRI
QUE AS PORTAS DA FANTASIA,
DOS SONHOS
RARAMENTE SÃO ABERTAS NA VIDA REAL
SÃO PARA POUCAS PESSOAS
TALENTOS VERDADEIROS
COM ESTRELA NA TESTA
PUREZA NA ALMA

EU QUIS TANTO E
NÃO FIZ NADA DO QUE QUIS
NÃO FUI NADA DO QUE ALMEJEI
DEPOIS DESISTI
POR QUE SERIA PRECISO OUTRA VIDA
PARA REALIZAR TUDO
O QUE EU SONHEI


28 DE MARÇO DE 2009

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Bendito Senso de Humor


Operei o nariz (plástica para tirar lesões de câncer) e mexeu comigo...
Tenho ido trabalhar com o nariz com curativo de gaze e micropore.
Alguns dizem que meu nariz ficou melhor do que era, até mais arrebitado...
Mas hoje, eu quase choro de rir com um cliente do banco onde trabalho...
Acostumado comigo, cliente assíduo, se sentiu à vontade para brincar e brincou:

- Aparou o nariz, hein, Pinóquia?

Charmene 10/02/2009

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

AO AUTOR


Hoje acabei de ler o livro
Do autor que gosto.
Eu amo crônicas.
Li com sede de beber tudo,
Com fome de chegar ao fim,
Adorando cada página.
Depois, fiquei triste...
Pela ausência,
Pela companhia perdida.
Então decidi:
Quero ler de novo!
Fazer anotações
De autores e livros e músicas.
Ler com calma,
De outra maneira,
Apreciando cada página,
Saboreando cada linha,
Com medo de chegar ao fim.
O autor cita autores
Que eu quero conhecer.
Cita livros
Que eu gostaria de ler.
Músicas que preciso ouvir.
Quero ler nas entrelinhas,
Espiar a alma do autor.
Sentir a emoção novamente,
Sem pressa, sem ansiedade.
Me refugiar na beleza das palavras.
Viajar na poesia.
Entrar nas páginas
E me ausentar da vida.
A necessidade do recomeço
Ficou evidente
Quando cheguei ao fim.

(para Rubem Alves)

Charmene 09/02/2009

domingo, 25 de janeiro de 2009

Ampulheta


Agora é tarde para recomeçar.
O tempo passou tão depressa
Que meus sonhos ficaram para trás.
Em que caminho me perdi?
De repente,
É tarde para tentar de novo,
Difícil mudar o rumo,
Falta coragem para arriscar.
O pique já não é o mesmo,
O corpo já não corresponde,
A pele perde o viço
E eu me vejo falando em “antigamente”.
Já me chamam de “senhora”?!
Eu me olho no espelho
E vejo em meus olhos
O brilho da menina
Que habita minha alma.
Que tempo cruel é esse
Que não vi passar?
Por que não me avisaram antes
Que seria assim?
Eu não teria errado caminhos,
Teria evitado tropeços,
Cercaria-me de pessoas boas,
Teria feito as escolhas certas.
Dói-me ter tantos sonhos e planos
E saber que está tão perto o fim.
Abro mãos de sonhos
Que nem se realizaram...
Ninguém me disse que seria assim.

Charmene
25.01.2009

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Morrer


Não se fala da morte por medo
Por mau presságio, para não “atrair”
Por superstição.
O que é uma grande bobagem...
Deveria se falar de morte
Para se acostumar com a idéia,
Por ser a única certeza que temos
Nessa vida incerta,
Por não ter como fugir.
Quem pensa na morte
Dá mais valor à vida,
Presta atenção aos detalhes,
Lê nas entrelinhas,
Ama com intensidade.
(principalmente quando ela espreita...)
Eu penso que a morte é como um sono contínuo.
E nem deve ser ruim...
Deve ser como um sono gostoso
Com sonhos bons, sonhos sem fim
Daqueles que nem dá vontade de acordar...
Para sempre,
Para nunca mais,
Até o fim.

21/jan/09

domingo, 11 de janeiro de 2009

Eles


Ele dizia:

Bom dia flor do dia há quanto tempo eu não te via!
Toma, é bom...
Coça cá as minhas costas.
Alma até Almeida!
O que arde cura, o que aperta segura.
Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é burro ou não tem arte.
Serviço de menino é pouco e quem não aproveita é louco.
Dou-te um piparote que te ponho a voar!
Todo enchicharrado...
Viver não custa, o que custa é saber viver!
Lusca-fusca.
Charmenia Gardenia!

Ela dizia:

Quem é amiga?
Quem não se enfeita por si se enjeita.
Quem não se sente não é de boa gente.
Que boca branca é essa? vai passar um batom nessa boca!
Quem não come por já ter comido, não tem doença de perigo.
Peitiçoca, maracujá de gaveta, carrapato com tosse, encangando grilo, saída da casca, perna de alicate...
Fátima... Olga... Lúcia... Charmene! (desfiava o rosário inteiro para me chamar...)

Eles já se foram,mas ainda ouço as vozes da minha infância.
Me vejo de novo menina, sendo feliz perto deles, completamente alheia ao meu destino e à mulher que eu viria a ser.
Me lembro doente, cercada de travesseiros e mimos.
A casa exalando à canja, chá de erva doce e ao bendito xarope de cenoura.
O tempo passou tão depressa que não deu tempo de viver tudo o que eu queria.
Faltou ter entrado na igreja com ele quando me casei.
Faltou Davi ser ninado por ela na cadeira de balanço.
Me sinto roubada até por ser a caçula e ter tido menos tempo como filha...
Sinto falta de ser amada incondicionalmente.
Eles se foram, mas a cada dia, os sinto mais vivos em mim.
Porque a vida continua,
A história se repete...

Samuel cara de papel...
Gabriel cara de pastel...
Davi cara de caqui...

‘Tá na hora de dormir!!!

Março de 2006

Tatuagem


Vem, amor.
O sol já se vai
E um cavalo alado me espera.
Eu preciso ir...
E vou longe...
Cavalgar tuas costas,
Teu peito, teus braços.
Viajar pelo teu corpo
Sem pressa...
Me alimentar de beijos e abraços.
Anda,
Que o tempo não espera,
O sentimento só aumenta
E eu quero mais!
E quando o dia acabar,
Depois da loucura e desejo,
Quero adormecer nos teus braços,
Curar meu cansaço
E descobrir que sou feliz!

(para Wagner)

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Encontro


O olhar será nossa linguagem
O toque nossa profissão
Carinho uma necessidade
O desejo nossa religião
O beijo será nosso alimento
Saudade o eterno laço
O amor vai parar o tempo
E tornar infinito nosso abraço

O Fim


Em que dia aquele brilho
Se apagou em nossos olhos?
Quando deixamos
De fazer planos e sonhar?
Em que segundo
O sorriso se entregou ao pranto?
E quando deixamos
De nos ver como um par?

Nem sabemos
Qual era a nossa música...
Que dia deixamos de viver
Nossa história de amor?
Foi quando perdemos o medo
De nos perder,
Que a alegria deu lugar à dor?

Em que minuto
Esgotaram-se os carinhos?
A todo instante
Vejo a nossa paz por um triz...
Mesmo juntos
Nos sentimos sozinhos...
Em que momento
Deixei de ser feliz?

Definitivo


Ainda não havia amanhecido
Quando ela acordou de repente.
Não conseguiu mais dormir,
O rio não lhe saía da cabeça...
Pensou na sua vida,
Na rotina de todo dia,
Nos sonhos que abriu mão,
Nos planos que não deram certo,
No amor impossível...
Pensou no rio.
Lembrou dos pais, dos irmãos,
Dos amigos...
A idéia fixa, o rio.
O rio sempre o rio.
Que segue seu curso indifierente a tudo.
E ela resolveu sair.
Olhou com ar de despedida,
A vida que deixava.
O marido, olhou com carinho,
Os filhos, com ternura
E por pouco não desistiu...
Saiu como estava
De camisola e descalça.
Andou pelas ruas escuras, desertas
Fez o percurso de todos os dias
Sem pressa...
Na mente o rio que não pára...
Reencontrá-lo deu a paz que esperava.
E mergulhou no rio sem medo
Atrás da liberdade sonhada.
Águas queridas
Mergulho no adeus
Definitivo...

A Vida É Assim


Resta um esperança?
Uma luz no fim de tudo?
Ideal de ser feliz...
Conhecer-te pouco a pouco
Altera meu sono
Mas renova as energias.
Levo-te comigo
Como coisa rara.
Ser feliz, querer ser feliz...
Ontem, hoje, sempre.
Devo ou não devo?
Uma eterna pergunta
A me perseguir.
Resolvo o impasse
Transformando sentimentos
Em cartas e poemas.
Busco explicar o que não se explica.
Que carinhos são só carinhos...
Concordo que parece loucura
Felizmente ou infelizmente sou assim.
Talvez não te reencontre.
Talvez seja mesmo impossível...
Fazer o quê?
A vida é assim...

2000

Regresso


Eu preciso escrever
Pra voltar a ver,
Voltar a ter,
Voltar a ser.
Meu coração anda às cegas.
Me falta ternura.
Já nem sei quem eu era...
Eu preciso escrever
Pra voltar a mim,
À minha essência.
Palavra, sentimento, letra,
Papel, emoção, caneta
Quero de volta a ternura
No olhar, no tocar
No sentir, no existir.
Quero ser como eu era:
Autêntica.
Embora pareça loucura,
A tristeza necessária pra poesia existir
Me cura da necessidade que tenho
De ser diferente, singular...
Eu preciso escrever
Pra me resgatar desse abismo
De ser apenas mais um.
Eu preciso voltar a escrever
Pra recuperar o dom, a magia
De transformar o cotidiano
Em poesia.

2002

Acróstico


Sorriso contagiante
Amigo verdadeiro
Meu amorzinho
Um sonho de menino
Especial e generoso
Luz no meu caminho

2000

Sono


Eu tenho um sono enorme...
Quando meu filho adormece
É como se o mundo se apagasse.
Me vem um sono imenso
Como se viver
Fosse entediante.

01/03/2001

Liberdade


Seguir o coração
Fazer o que se quer
Quebrar grades e algemas
Que impeçam viver
Criar coragem
Romper com o passado
Não olhar pra trás
Correr mundo
Correr perigo
Tendo consciência disso
Permitir pequenas loucuras
Respeitar se respeitando
Amar não se anulando
Ter a doce sensação
De ser apenas você
E desde então
Vejo o céu mais azul
O mundo mais colorido
Sopra em mim um vendaval
Chamado liberdade
E ouço sinos de vento
Vibrando esperança
Dentro de mim

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Esperar sem jamais desistir


Um dia, andaremos de mãos dadas pela praia
E o pôr do sol será mais que um retrato.
Um dia, adormeceremos lado a lado,
E eu saberei a alegria de acordar em seus braços.
Juntos ouviremos nossa Ária de Bach,
Teremos filhos e bichos
E plantaremos flores num mesmo jardim.
Quero contigo o sabor das coisas simples...
Minhas mãos continuarão carregadas de carinho
E meus beijos eternamente à espera de sua boca,
E um dia, entre carinhos, beijos e abraços,
Consumaremos a felicidade do ato.
É certo, teremos futuro, presente e passado.
Meu amor irá além de cartas sem resposta
E teu amor será o que foi feito para mim.
Só hoje descobri
Que sonhos se realizam, sim.
Viver esse amor é meu sonho!

A Casa Materna


De longe se vê bougain villes em flor.
Há ferrugem nas grades do portão.
Latidos anunciam toda chegada.
Na entrada, a imagem paterna com flores.
Anjos bordados, miniaturas, livros,
Histórias em cada bibelô.
Na estante, o Tesouro da Juventude,
Rostos amados nos porta-retratos,
Os Santos todos e uma vela acesa
Sempre que é preciso.
Em cada quarto, uma saudade...
A casa se divide em dois mundos.
Um, onde se passa a vida presente.
Outro, onde vive a memória de tudo.
A mesa farta, sempre posta
E o cheiro bom dos sabores da casa:
Bolo de rolo, pudim da Vitória, pastel de nata.
O pequeno quintal mais verde que todos!
Pitanga, pinha, manacá.
Flores para os beija-flores,
Comida e carinho para gatos e pardais.
O tempo passa,
Mas não tira a beleza materna,
Não desfaz a união dos filhos,
Nem diminui a saudade do pai.
Agora, juntos à mesa
Vibram também vozes infantis
E ainda somos uma família feliz.

2002
(adaptação d' A Casa Materna de Vinicius para a minha Casa Materna...)

domingo, 4 de janeiro de 2009

Desigualdade

Hoje eu fazia compras, escolhendo entre os legumes, os maiores, mais frescos.
De repente meus olhos se fixaram num homem na rua.
Ele fazia o mesmo que eu, só que ele escolhia seus legumes no lixo.
A cena me chocou.
Que mundo é esse?
Que tenho eu de melhor ou diferente que esse homem?
Ele nasceu como eu, teve uma mãe, foi criança,
Brincou feliz e despreocupado como toda criança deve ser...
Em que momento o destino traçou nossos caminhos?
Será que tivemos as mesmas oportunidades?
Será que soubemos aproveitar as que tivemos?
Quem sabe as mesmas portas que se abriram pra mim, foram fechadas para ele?
Eu não me sinto melhor que ele... nem diferente.
Quando eu me tornei a mulher que tem dinheiro na bolsa para pagar pelo que come?
Quando o homem se tornou o mendigo que cata no lixo para matar a sua fome?
Eu não tenho as respostas.
Entreguei minhas compras ao homem.
Mas não me senti melhor por isso...
Saí triste, sabendo que alimentar UM nao acaba a fome no mundo.

Sol


Eu nunca fui muito do sol...
Nunca tive pretensão de ser morena.
Nunca fui amante do dia.
Sempre gostei da noite, lua e estrelas.
Combina mais com poesia e boemia.
Mas odeio proibições.
Nasci pra transgredir.
Se me dizem pra não pegar sol...
Ai, ai, ai...
Nunca tive tanta vontade de andar nua ao sol.
Ir à praia e me bronzear, mudar de cor.
Só pra ser do contra,
Pegar sol sem proteção,
Sem loção, sem fatores ou protetores.
Deixar o sol entrar em mim.
Adormecer sob seu calor,
Ficar exposta como os lagartos.
O problema foi proibir...
Eu nasci pra ser do contra.
Eu adoro transgredir.

Charmene


Charmene
Dos medos
Das insônias
Dos sonhos
Do contar esses sonhos
Dos doces
Dos versos
Dos cantos
Das flores
Dos planos
Das danças
Andanças
Mudanças
Esperança.
Das angustias
Das ansiedades
Das indecisões
Das “artes” e “desastres”
Dos olhos que falam
Do não saber mentir
Dos amores
Maria das dores
Das cicatrizes e cortes
Das mortes (as dores mais fortes)
Dos retratos
Dos bordados
Trabalhos não terminados
Dos escritos
Dos filhos (os amores mais queridos)
Dos amigos
Do Portugal mal resolvido
De Pessoa e de Chico
De Wagner
Da boa vontade (confessa qualidade)
Da saudade
Da vontade
De ser
A grande
A única
Para sempre
A eterna
Charmaine

(coisas de Charmene)

A Sua Partida


Mãezinha, ao fechar os olhos para essa vida, você despertou para a outra: mais nova, mais magra, mas não perdeu seus lindos cabelos cor de prata.
O ar tinha um cheiro bom de jasmim, pois quando se morre deve ser assim...
Caía um orvalho de strass em homenagem ao seu lado índio que adorava um brilho...
Nada de harpas ou flautas, se havia música, som certeza era Moon River tocada em caixinha de música, duas paixões suas.
E com os pés descalços você caminhou por um tapete de flores, iluminado por uma suave luz azul, que era sua cor preferida. No fim do caminho, Papai lhe esperava, também mais novo e mais magro, trazendo no colo a Olga Maria, o seu eterno bebê, que esperou tanto tempo por você. E não haverá mais lágrimas quando você falar nela...
Papai lhe levou para a casa dos seus sonhos, não sei se a da Quinta ou a da Rua de Santa Cruz. E ele pôde finalmente se dedicar às plantas, selos, música, leitura e pôr toda a correspondência em dia... Você se ocupou da sua filhinha, dos seus bordados, dos seus cochilos embalados pela cadeira de balanço, sem falar que a casa vive cheia de anjinhos gulosos por causa dos seus doces e bolos confeitados.
E toda noite vocês dançam valsas, tangos, boleros, observados por olhares maravilhados.
A casa tem sempre a visita de parentes e amigos que já se foram. São encontros
felizes, pois as mágoas foram superadas, as feridas cicatrizadas e todas as arestas aparadas.
A casa tem uma capela onde você faz suas orações por todos nós como sempre fazia ou por um de nós em especial, quando seu coração lhe avisa que alguém não está bem.
Quando a saudade realmente aperta, na casa tem uma janela de onde você pode nos ver, mas só em nossos momentos de alegria, para não aperrear esse seu coraçãozinho sempre tão preocupado conosco.
Mãezinha, a casa tem um jardim enorme que floresce toda vez que lembramos, falamos ou rezamos por vocês.
E ele vive florido!!!

(eu não sei se é sonho ou desejo, mas meu amor é tanto que eu realmente queria que fosse assim...)

26/11/2005 (5 meses de saudade)

Amor Demais


Eu já amei demais...
Amei Márcios, Ricardos, Gustavos,
Fernandos, Franciscos e Fábios.
Amores sofridos,
Chorados,
Amores engraçados,
Outros encantados,
Amores platônicos,
Alguns impossíveis
Outros proibidos...
Aprendi muito com eles.
O que sou foi graças
Ao que vivi,
Ao que sofri,
Ao que sonhei.
Nada foi em vão
Nenhum sorriso
E nenhuma lágrima.
Só depois de muito amar
Pude parar e perceber
Que amar não é sorrir e nem sofrer.
Só depois de muito amar
Escolhi ser amada.
Conforto que só quem já morreu de amor
Pode merecer.
E decidi ser a amada de alguém.
Seu coração chama por meu nome
E provou que seria pra sempre...
Teceu uma teia invisível
Chamada família.
Esse amor eterno
Rendeu frutos preciosos
Chamados filhos.
Esse amor tranqüilo
Deu um rumo certo
Ao meu coração indeciso.
Esse amor firme
Serviu de âncora
À minha alma
Tão dispersa,
Tão apaixonada,
Tão vagante,
Tão inconstante...
E no final da vida
Espero poder dizer
Que fui feliz!!!

21/09/2008