terça-feira, 27 de setembro de 2016

Só podia ser primavera


Ouço as canções 
Primavera com Tim Maia
(Tenho muito pra contar...)
Lua e estrela com Caetano
(Mas deixa o destino, deixe ao acaso...)
Só primavera com Beto Guedes
(Só porque existem mais coisas no ar...)
Sinal fechado com Paulinho da Viola
(Não esqueça... Não esqueço...)
No meu desassossego as letras se confundem
E dizem coisas que eu não consigo,
Não posso, não devo dizer
Mas quero!
Deixo as canções dizerem o que calei
E muito mais...
O tempo passou, e ainda ouço Marisa Monte
"Memórias, crônicas e declarações de amor"
O cd mais bonito pra mim.
Tanta coisa aconteceu, e Tolkien
Repousa cúmplice na minha estante.
Sete de setembro sempre será
O dia da independência.
Para mim, será  para sempre
Da independência que eu não fui capaz.
As alegrias e dores dessa data
Estão marcadas em meu corpo e alma.
Sequelas que carrego
Das lembranças e da doença.
Setembro está gravado em mim
Como tatuagem, marcada a ferro
Em brasa, estou.
Se meus cabelos hoje estão ruivos
Não é à toa...
Que bom que aconteceu
E não foi sonho!
E é até deslealdade com a vida real
Não ter sido mais
Não ter ido além 
Não ter tido brigas
Não ter ficado mágoas
Não ter vindo à tona
Defeitos e manias
Cotidiano e monotonia
Despesas, carnês, contas pra pagar.
Ficaram boas lembranças
E o desejo do que podia ser 
E nunca será.
Não tenho cartas, fotos, cds
Nem telefones ou livros.
Mas eu não preciso.
O que vivi, 
Ninguém pode me roubar.