domingo, 3 de dezembro de 2017

Força amarga

É preciso ser forte,
Pra todo ano armar o natal com árvore, presépio e boas intenções,
quando a vontade é queimar os problemas numa fogueira pagã.
É preciso ser forte,
Para acreditar na honestidade 
quando os noticiários bombardeiam manchetes de corrupção,
Pensar diferente, nadar contra a corrente e não perder seus valores.
É preciso ser forte,
Pra enterrar pai e mãe 
e seguir vivendo no vazio da orfandade, sendo adulto.
Parir filhos homens que te darão para sempre esperança e temor, 
e desejar que seja mesmo para sempre.
É preciso ser forte,
Para encarar a rotina de trabalho 
carregando no corpo o peso de dores.
Constatar nesse mesmo corpo outro peso, o da idade.
É preciso ser forte
Para levar na cara e ter humildade de oferecer a outra face,
Aprender a simplicidade da maneira mais drástica: na escassez.
É preciso ser forte,
Pra conviver com a saudade dos que estão longe, dos que se foram, da terra amada
E pra viver longe do mar...
É preciso ser forte
Pra renascer das cinzas dos amores impossíveis, das doenças e sequelas, dos sonhos abandonados.
Girar na roda do tempo, de domingo a domingo, pra um dia ela parar sem que se queira.
É preciso ser forte
E eu tenho sido.








quarta-feira, 8 de novembro de 2017

domingo, 30 de julho de 2017

Bruxa Chachá

Descobri mais uma em mim, a Bruxa Chachá, contadora de estórias.
Voluntariado, Clube Literário Tamboril, doação do melhor de mim.
(Detalhe do PIRULITO esquecido por alguma criança na minha saia)

sexta-feira, 21 de abril de 2017

São Jorge


Castelo de São Jorge em Lisboa, Portugal.
O primeiro castelo a gente nunca esquece...
2011.


















segunda-feira, 20 de março de 2017

Inspira BB etapa Rio Janeiro 18 e 19 de março de 2017


     SÁBADO 18/03/17 CENTRO DO RIO


     REALIZANDO UM SONHO: CONFEITARIA COLOMBO



     CCBB RJ


      CCBB EXPOSIÇÃO ENTRE NÓS - A FIGURA HUMANA NO ACERVO DO MASP
       DEGAS


      INGRES


       RENOIR

      IGREJA DA CANDELÁRIA 



      (PEDINDO A DEUS PRA ME PROTEGER DE MIM)

     O RIO SÃO FRANCISCO BORDADO NO VESTIDO/HOTEL PROMENADE BARRA FIRST

      CIDADE DAS ARTES LOCAL DO EVENTO




 
      LILIANE MINHA COMPANHEIRA DE AVENTURA






      BARRA DA TIJUCA DOMINGO PRAIA DO PEPÊ




       RESTAURANTE NATIVO PRAIA DO PEPÊ

    
      O RIO DE JANEIRO CONTINUA LINDO...
      O RIO DE JANEIRO CONTINUA SENDO... E sempre será!
























terça-feira, 14 de março de 2017

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Drumond

Viver não dói

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas
e não se cumpriram.

Por que sofremos tanto por amor?

O certo seria a gente não sofrer,
apenas agradecer por termos conhecido
uma pessoa tão bacana, que gerou
em nós um sentimento intenso
e que nos fez companhia por um tempo razoável,
um tempo feliz.

Sofremos por quê?

Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer
pelas nossas projecções irrealizadas,
por todas as cidades que gostaríamos
de ter conhecido ao lado do nosso amor
e não conhecemos,
por todos os filhos que
gostaríamos de ter tido junto e não tivemos,
por todos os shows e livros e silêncios
que gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados,
pela eternidade.

Sofremos não porque
nosso trabalho é desgastante e paga pouco,
mas por todas as horas livres
que deixamos de ter para ir ao cinema,
para conversar com um amigo,
para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe
é impaciente conosco,
mas por todos os momentos em que
poderíamos estar confidenciando a ela
nossas mais profundas angústias
se ela estivesse interessada
em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu,
mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos,
mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós,
impedindo assim que mil aventuras
nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e
nunca chegamos a experimentar.

Como aliviar a dor do que não foi vivido?

A resposta é simples como um verso:
Se iludindo menos e vivendo mais!!!

A cada dia que vivo,
mais me convenço de que o
desperdício da vida
está no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.

O sofrimento é opcional.

Carlos Drummond de Andrade


terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Contradança

Jackeline que amava o dia e ela
Lucia que amava o voluntariado e ela
Liliane que amava borboletas e ela
Sérgio que amava a história e ela
Sandra que amava orquídeas e ela
Fátima que amava os livros e ela
Nilva que amava a fé e ela
Olga que amava os bordados e ela
Zélia que amava a força e ela
Wagner que amava o trabalho e ela
Taina que amava os bichos e ela
Samuel que amava Leandra e ela
Ivani que amava organização e ela
Gabriel que amava a independencia e ela
Osires que amava a família e ela
Davi que amava os jogos e ela
Arildo que amava a saudade e ela
Ela, narcisista,
Só amava ela mesma.




quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Lembrar

Mas é melhor apenas guardar a lembrança 
É melhor apenas guardar a lembrança 
Melhor apenas guardar a lembrança 
Apenas guardar a lembrança 
Guardar a lembrança 
A lembrança 
Lembrança 


Mas 
É 
Apenas
A
Lembrança?!
Melhor
Guardar...


Mas 
Lembrança 
Apenas 
É
Guardar
Melhor.





quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Sonho Meu

Diz um provérbio espanhol que
 "a porta do coração só pode ser aberta por dentro".
Uma vez aberta, é inútil tentar voltar atrás, acontece poucas vezes.
A vida é cheia de surpresas e o mês de setembro bateu o recorde.
Por fragilidade, carência, decepção, eu quis me iludir.
Por pouco não perdi o chão, a razão, a noção.

Viver...
Viver não custa.
O que custa é saber viver.

Queria entender como alguns momentos vividos 
Podem ficar na memória para sempre.
Por que algumas pessoas nos marcam eternamente?
Mérito da pessoa e MEU que permiti.
Tenho lembranças,
Vivi!
Eu fui feliz e não me arrependo.
O tempo não permite voltar atrás
Só arrependo do que não fui capaz.
A vida segue 
E eu deixo ela me levar.
Finco meus pés na realidade que possuo.
Cumpro com os compromissos que assumi.
Arco com as escolhas que fiz.
E não fico questionando se sou feliz.
Casa, trabalho, marido, filhos...
O dia a dia não permite esses desvarios!

Só que vez ou outra eu sonho...
E neles as pessoas são felizes
E se amam sem mágoas,
Sem remorsos e sem culpas.
Dizem que sonho que se sonha junto vira realidade
Mas, descobri que esse era um sonho só meu
E impossível de se realizar.
Se abri a porta por dentro, hei de aprender a fechar.
E ponto final.


terça-feira, 15 de novembro de 2016

Farmácia

Preciso de um remédio pra esquecimento
Quero esquecer o passado,
Mas apenas os maus momentos.
Quero gotas que aliviem dores
De saudade e de amores.
Um ótimo tônico, que me dê
Força e coragem
Pra encarar a realidade.
Uma pomada com cheiro de cânfora
Que retorne à minha alma
A fé e a esperança.
Pastilhas que me remetam à infância.
Cremes que devolvam o calor
Do primeiro beijo ou do primeiro amor.
Quero um vidro de pílulas 
Que me tragam a sensação única 
De borboletas na barriga.
Um bom colírio que me permita 
Ver apenas o que é belo e colorido,
E gotas otológicas
Que me façam ouvir
Apenas o que quero ou preciso.
Quero também comprimidos
Que me impeçam de dizer
Tudo aquilo que penso ou devo.
( embora alguns esparadrapos
Também me sirvam nesse caso)
Quero um elixir
Que me ajude a resistir,
Nem faço questão que seja 
O tal "da juventude",
Desde que devolva saúde:
Física, mental ou emocional.
Onde encontro uma farmácia assim,
Com sais que me ajudem
A me perder de vez
Ou me encontrar enfim?















domingo, 6 de novembro de 2016

Sentimento

" Os verdadeiros laços de afeição não se rompem nem pela separação, nem mesmo pela morte."
 Allan Kardec


Busco resposta pro que sinto
Na Bíblia 
Na Igreja
No Espiritismo
Na Reencarnação 
Na Medicina
Na Psicologia
Na Microfisioterapia
No I Ching
E a resposta é simples:
Eu sinto.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Idade é um estado de espírito

Eu quero que você me veja como eu sou.
Despida de máscaras,
Sem subterfúgios.
Eu não tenho plásticas,
Não faço dietas,
Fujo da ginástica.
Não escondo idade,
Eu tenho orgulho dela
Pois não vivi em vão.
Cada fio branco,
Cada ruga,
Cada estria,
Cada cicatriz,
Eu conquistei vivendo.
Vivendo intensamente!

Eu quero que vc saiba
Que os anos vividos
Me permitiram me aceitar como sou.
Em paz com o meu corpo
Que não é perfeito.
Não temo a nudez.
Luzes acesas,
Portas abertas,
Olhos nos olhos,
Não me intimidam.
Eu sei quem sou.
Madura.
Sem constrangimentos,
Sem pudores,
Sem temores.

Eu quero que você me aceite
Despida de qualquer glamour
Envolta apenas em poesia
E repleta de amor.
Eu sou assim
Cabelos soltos
Sorriso no rosto
E esse batom
Que faz parte de mim.

Eu te ofereço VIDA
Te estendo a mão 
Te conduzo à dança 
Te indico o caminho
Contigo divido os meus dias
Te dou minha alegria 
Prometo histórias bem vividas.
Quero que você me queira ainda mais...

O tempo me trouxe essa segurança 
De não ter medo de errar.





quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Depressão ou Esgotamento

Ando cheia de vazios
Excesso de carências 
O corpo sempre foi forte
A cabeça não 
O coração muito menos
Preciso me ocupar
Despreocupar
Cuidar de mim
Eu não queria ser assim
A dor do outro
As dores do mundo
Sangram em mim






domingo, 9 de outubro de 2016

Ainda sobre o mar



Dentro de mim, habitam ele e o mar.
Me sinto sereia, não vivo sem água.
Coleciono conchas e recordações.
Adoro mergulhar aonde os pés não tocam o chão.
Tento colar os fragmentos da história que não teve fim.
Sempre ele e sempre o mar.
Tanto amor não foi em vão!
Sem ele e longe do mar
As lágrimas são o sal que me restou...



quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Haicai secreto






Ninguém nunca saberá dos sentimentos
Escondidos a sete chaves
Nem dos sonhos e desejos
Camuflados em meus olhares

sábado, 1 de outubro de 2016

Sem você

Sem você 
Acaba-se o livro.
Apaga-se a luz.
Falta-me o ar.

Sem você 
Me sinto anulada,
Dilacerada
Como continuar?

Sem você 
Nada de cores,
Rubores,
Humores.

Desde então,
Austeridade,
Seriedade,
Sobriedade
E tudo que me apague,
Anule minha passagem,
Torne invisível minha imagem.

Até o amor acabar.
Se acabar...

(Ouvindo DE JANEIRO A JANEIRO com Roberta Campos e Nando Reis)






quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Há uma alma impetuosa
Sufocada pelo cotidiano
Se olhar bem nos meus olhos
Verá que ela pede socorro 






terça-feira, 27 de setembro de 2016

Só podia ser primavera


Ouço as canções 
Primavera com Tim Maia
(Tenho muito pra contar...)
Lua e estrela com Caetano
(Mas deixa o destino, deixe ao acaso...)
Só primavera com Beto Guedes
(Só porque existem mais coisas no ar...)
Sinal fechado com Paulinho da Viola
(Não esqueça... Não esqueço...)
No meu desassossego as letras se confundem
E dizem coisas que eu não consigo,
Não posso, não devo dizer
Mas quero!
Deixo as canções dizerem o que calei
E muito mais...
O tempo passou, e ainda ouço Marisa Monte
"Memórias, crônicas e declarações de amor"
O cd mais bonito pra mim.
Tanta coisa aconteceu, e Tolkien
Repousa cúmplice na minha estante.
Sete de setembro sempre será
O dia da independência.
Para mim, será  para sempre
Da independência que eu não fui capaz.
As alegrias e dores dessa data
Estão marcadas em meu corpo e alma.
Sequelas que carrego
Das lembranças e da doença.
Setembro está gravado em mim
Como tatuagem, marcada a ferro
Em brasa, estou.
Se meus cabelos hoje estão ruivos
Não é à toa...
Que bom que aconteceu
E não foi sonho!
E é até deslealdade com a vida real
Não ter sido mais
Não ter ido além 
Não ter tido brigas
Não ter ficado mágoas
Não ter vindo à tona
Defeitos e manias
Cotidiano e monotonia
Despesas, carnês, contas pra pagar.
Ficaram boas lembranças
E o desejo do que podia ser 
E nunca será.
Não tenho cartas, fotos, cds
Nem telefones ou livros.
Mas eu não preciso.
O que vivi, 
Ninguém pode me roubar.








sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Eu

Você não tem ideia
De como meço meus gestos.
Você não imagina 
O quanto eu penso antes de falar.
Você nem desconfia
Do cuidado que eu tenho
Com meus atos e palavras.
É quase um ritual,
Para atingir esse verniz 
De normalidade que me cobre.
Meu corpo até que é sereno,
Mas a minha alma...






domingo, 17 de janeiro de 2016

Domingo

Eu já gostei de domingos.
Os domingos da minha infância e adolescência eram os dias em que eu tinha meu pai em casa.
E era uma farra!
Íamos todos para a cama dos meus país. Era um acordar diferente.
Café da manhã com todos na mesa, ovos mexidos, mingau de aveia, café, pão com manteiga...
Dava-se um jeitinho na casa, "jeitinho", afinal era domingo!
Cuidava-se das plantas, banho nos cachorros.
E começavam os preparativos para o almoço.
A comida era especial, mesmo que fosse a mais simples.
Iamos todos pra cozinha, ajudar, conversar, partilhar.
Por menor que fosse o espaço, estavam todos por perto.
Ouvia-se boa música. Cada um colocava o seu vinil preferido e tinha sempre Paul Morriat, Boca Livre, Bethania, Milton e muito Beto Guedes.
As conversas eram amenas, tinha risos, domingo era o dia neutro.
Evitava-se falar de problemas. Dificuldades do dia a dia.
Depois do almoço tinha um descanso e não se lavava a louça, ela ficava arrumadinha aguardando na pia. Às vezes até segunda-feira. Ninguém morria por isso.
Muitas vezes tinha jogo de buraco e tinha sempre namorados e amigos.
Casa cheia apesar das vacas magras.
Mas sempre tinha doce, sobremesas, bolo.
Casa de doceira...
E os domingos terminavam coroados pelo Fantástico.
Domingos eram dias felizes.

Eu çresci, casei, tive filhos.
E deixei de gostar dos domingos.
Domingo hoje é um dia que me dá vontade de chorar e quase sempre choro.
Não é de saudosismo.
É de impotência ou de incompetência.
Não fui capaz de tornar felizes os domingos.
Não soube colocar magia nesses dias.
Não são especiais.
Perderam a poesia...
Me conformo lembrando as palavras de Paulo Gracindo:

"Domingo não é um dia.
Domingo é um sentimento."

Ele sabia o que dizia.

sábado, 26 de dezembro de 2015

Senhor dos Mares


Ele veio do mar,  duma cidade de praia, distante, em Portugal.
Ele conhecia as histórias do mar.
Sabia canções, de barcos e velas, de animais e toda espécie de vida marinha.
Por causa dele, atravessei o Atlântico, no ventre da minha mãe, para nascer brasileira.
Nasci na cidade mais bela, Rio de Janeiro. Graças a ele sou carioca da gema.
Minha infância com ele foi repleta de mar.
Com ele, brinquei em pocinhas na praia, catei conchinhas, fiz castelos de areia.
Com ele aprendi a ouvir o som do mar que se esconde dentro das conchas.
Gargarejei água de mar com ele, gostei da água, do sal, do sol...
Aprendi a boiar no mar apoiada em seus braços.
Lembro de ir no seu colo, aonde eu não dava pé.
E não havia medo.
Eu estava com o meu Senhor dos Mares!
Adorávamos quando chovia e estávamos no mar.
Ríamos da mistura salgada e doce, do mar e da chuva.
Vento forte, trovoada, águas mais agitadas, não temíamos.
Adorávamos!
Sempre ele e sempre o mar.
Ele me ensinou a reconhecer as estrelas e as fases da lua.
Aninhada em seu colo na rede, sentia a brisa e ouvia o bater das ondas.
Ele me contava a história do fundo do mar, que não tinha fim.
Era a história mais linda!
Só ele sabia.
Essa história embalou minha infância.
Eram tantos personagens e rimas.
Nunca era igual e nunca chegava ao fim.
Eu sempre dormia antes...
Faz 23 anos que ele se foi.
Deve ter voltado pro mar...
Pra onde eu vou, um dia.
Dentro de mim habitam o mar e ele.
Me sinto sereia, não vivo sem as águas.
Coleciono conchas.
Adoro a sensação dos pés não alcançarem o chão.
Amo estrelas e tempestades.
Ainda hoje tento colar os fragmentos que ainda lembro da história que não terminou.
Tanto amor não foi em vão.
Sem ele e longe do mar, as lágrimas são o sal que me restou...

(Para o meu Pai, meu Senhor dos Mares)
Charmene


domingo, 29 de novembro de 2015

Meu pai

Quarta dia 22 de janeiro de 2015 ele faria 86 anos.
Para uns era Seu Antônio, para outros Seu Constantino,
Para as crianças vovô cheiroso ou vovô careca, para mim era Papai.
Era amigo, atencioso, cavalheiro, tinha mãos macias,
Adorava que coçassem suas costas, me chamava de flor, era cheiroso, 
Prestativo, generoso, um coração de ouro! 
Vejo em mim muito dele: Como ele, adoro livros, boa música, casa cheia. 
Como ele, sou sempre bem intencionada, vivo desarmada, acredito no melhor das pessoas. 
Sinto orgulho em ser assim (apesar das pancadas que levo) pois é herança dele... 
Queria que ele estivesse aqui. 
Queria ter entrado na igreja com ele quando casei. 
Queria que ele tivesse conhecido meus meninos. 
Queria que ele tivesse orgulho da pessoa que me tornei. 
Na verdade queria ser pequena e me aninhar na segurança do colo do MEU PAI.

Aos meus filhos

E assim é a vida.
E chegarão os dias em que o nosso amor ficará como que adormecido.
Você estará vivendo a sua vida, fazendo as suas próprias descobertas, aprendendo a ser.
Eu estarei à espera que o nosso amor desperte 
E retorne no exato ponto em que parou e...
Não será como espero!
Você estará ocupado com as mesmas coisas que me ocupam hoje, 
Aprendendo, descobrindo, vivendo... 
Assim é a vida e é bom que seja assim.
Um dia, haverá um choro pequeno 
E só então você descobrirá a imensidão do amor que sinto.
Eu descobrirei o sabor de um amor desconhecido.
E nada será como antes, 
Mas espero que seja ainda melhor...
Para isso fomos feitos.
Para amar.
A família é um exercício diário de amor.

Charmene com saudade dos filhos

Texto de passarinho

Eu não gosto de acordar cedo. 
Eu não gosto de ser acordada.
Ser acordada cedo, num sábado, é demais!
Fiquei irritada.
Fui até a beira do rio, caminhar, 
Me acalmar para não perder o resto do dia.
O dia estava lindo.
Fiquei encantada com a diversidade de pássaros: 
Garças, pombos, marrecos, canarinhos, pardais, beija-flores, 
Entre outros que não sei os nomes.
Nisso, vi um senhor deixando alpiste por onde passava.
E os pássaros o acompanhavam!
Puxei conversa.
Ele me disse que parou de beber e fumar e com o dinheiro que sobra,
Compra o alpiste, alguns dias na semana.

Enquanto eu ia na beira do rio me acalmar,
Encontrei alguém que vai  alimentar pássaros. 

Me senti pequena.

Envelhecendo

Já que não dá pra virar semente... 
Espero envelhecer dignamente 
E que  idade continue sendo um estado de espírito. 
Afinal me sinto com 17 apesar dos 47. 
Sou uma "adolescente de meia idade".

Para Violeta

Violeta, eu te admiro:
pela fortaleza
por ser competente
por chefiar homens
por ser capaz
por ser "família"
pela dupla jornada
por ter qualidades que não tenho
pela coragem
por assumir riscos
e principalmente por não ser de ferro.

Maioridade

Samuel Sopas parabéns pelos seus 18 anos!  
A maioridade é a idade legal em que se é reconhecido como plenamente capaz e responsável. 
Para nossa família você provou sua maioridade antes dos 18 durante a minha doença. 
Você tão novo cuidou tão bem de mim...
Lembro como hoje, o dia que você nasceu 
e o orgulho de voltar pra casa com aquele embrulhinho nos braços. 
Eu sempre desejei filhos e foi uma longa espera até você nascer. 
Tratamentos, lágrimas, orações durante anos. 
Hoje eu entendo essa espera.
Você é uma pessoa muito especial e eu precisava MERECER você.
Feliz Aniversário, meu filho!

Dia a dia

Eu precisava de mais horas no meu dia...
A minha sede de viver é infinita.

Minhas Gerais

De volta a Minas.
Eu amo o mar, mas descobri 
Que meu coração tem ladeiras, 
Igrejas, montanhas, rios e corredeiras.
Paisagem que só existe nas Gerais...
Feliz por ter ido,
Mais feliz por estar de volta.

Sem jeito

 Eu queria ser melhor do que sou.
Eu podia ser melhor do que sou. 
Eu até tento...
Amo meus amigos, capítulos da minha história. 
Eu não ligo muito, não apareço muito, sem muitos sinais de fumaça...
Mas precisando, estou disponível.
Para ouvir, aconselhar, rir, chorar ou apenas silenciar.
Por inteiro!
Respeito,  mas não entendo ciúme entre amigos. O meu coração tem espaço pra todos, antigos/recentes, próximos/distantes, homens/mulheres, os que sempre vejo/os que encontro pouco. 
Amo a todos, pedaços do que sou, fragmentos da minha alma. 
Sei que no coração de cada um, tenho o meu lugar, que conquistei por afinidade, afeto.
Eu queria ser mais presente.
Eu queria ser melhor pois os meus amigos são os melhores.
Eu tento.
Mas, sou mesmo assim... sem jeito.

Para Samuel

Mais uma mudança...
Desde que nasci morei em 10 cidades, casas perdi a conta... Mudanças fazem parte da minha história:
Escolher o indispensável, embalar os frágeis, encaixotar o restante. 
Respirar fundo e seguir...
Dessa vez a mudança é diferente.
Não é minha! E é uma mudança feliz.
Arrumando as malas do meu filho Samuel Sopas que vai estudar em outra cidade.
Ele nem sabe, mas ele está realizando o sonho que eu tinha na mesma idade. Estudar!!!
Seja feliz meu filho, aproveite as oportunidades e não perca o foco.
Continue sendo um Homem de Bem.
E não se preocupe pois nessas andanças, a vida me ensinou que a gente encontra aquilo que deixa...
Você vai entender.

Gabriel

Tinha que ser
Gabriel
A canção
Tantas vezes ouvida
Decorada
Repetida
Gabriel
Por minha fé
Nome biblico
Hebraico
Nome lindo
Enviado de Deus
Gabriel
Tinha que ser
Agosto
Mês polêmico
Ventania
Redemoinho de gente
Gabriel
Por causa de uma saudade
Singela homenagem
E confirmação
De uma união
Reatada
Gabriel
Você é tão especial
E não sabe o tanto...
Te desejo saúde, paz e alegria.
Seja doce
Seja calmo
Seja leve
Amo você!!!

Eterno Dilema


De óculos eu vejo o mundo lindo
E eu nem tanto.
Sem óculos eu me sinto linda
E o mundo nem vejo...

(definitivamente não se pode ter tudo)

domingo, 1 de novembro de 2015

Idade é um estado de espírito

Eu quero que você me veja como eu sou.
Despida de máscaras,
Sem subterfúgios.
Eu não tenho plásticas,
Não faço dietas,
Fujo da ginástica.
Não escondo idade,
Eu tenho orgulho dela
Pois não vivi em vão.
Cada fio branco,
Cada ruga,
Cada estria,
Cada cicatriz,
Eu conquistei vivendo.
Vivendo intensamente!

Eu quero que vc saiba
Que os anos vividos
Me permitiram me aceitar como sou.
Em paz com o meu corpo
Que não é perfeito.
Não temo a nudez.
Luzes acesas,
Portas abertas,
Olhos nos olhos,
Não me intimidam.
Eu sei quem sou.
Madura.
Sem constrangimentos,
Sem pudores,
Sem temores.

Eu quero que você me aceite
Despida de qualquer glamour
Envolta apenas em poesia
E repleta de amor.
Eu sou assim
Cabelos soltos
Sorriso no rosto
E esse batom
Que faz parte de mim.

Eu te ofereço VIDA
Te estendo a mão 
Te conduzo à dança 
Te indico o caminho
Contigo divido os meus dias
Te dou minha alegria 
Prometo histórias bem vividas.
Quero que você me queira ainda mais...

O tempo me trouxe essa segurança 
De não ter medo de errar.

Charmene 01/11/2015


quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Setembro

Eu quero esquecer
Eu tento esquecer
Eu preciso esquecer
Setembro traz lembranças
Desassossegos
Pesadelos
Guillain Barre

Verdadeira Amiga




Quantas estradas caminhei até te achar?
Por quê sempre precisei do teu calor?
Por quantas vidas procurei o teu olhar?
Em tantos olhos, só nos teus achei Amor.

Irmã querida, partilhando segredos,
Fiel em todos os momentos, de alegria ou de dor
Amparo para minhas tristezas e medos
Companheira para ir aonde eu for.

Queria te dar mais que versos
Queria te dar um futuro mais lindo
Te poupar da vida, os reversos
Pra sempre te ver só sorrindo.

Amiga de todas as horas
Cúmplice dos meus atos e artes
És luz na minha estrada afora,
Universo do qual faço parte.

Se precisar ouvirei o teu SIM?
Contigo sempre contarei
Preciso dos seus conselhos de amor sem fim
Pra reencontrar em ti o que sempre amei:

Tua amizade.

(em meio à tormenta do ano 2000, custo a acreditar que fui eu que fiz)



domingo, 1 de março de 2015

O mais lindo poema



Na hora mais triste do dia,
Instante exato em que o sol se põe por completo
E não há uma única luz da cidade acesa,
Me veio a inspiração.
Meu poema nasceu no meu último instante de lucidez,
Pouco antes de ser completamente absorvida
Por uma loucura sadia.
A loucura de viver!
Meu poema tinha gosto
De verdades que precisam ser ditas.
Foi escrito enquanto eu vivia o mais alto grau de solidão
E aspirava aos desejos mais simples.
Eu queria ler livros, cuidar de plantas,
Ouvir velhas canções, rever amigos.
Não se percebe se meu poema
É alegre ou triste.
Veio ainda com influências
Da minha eterna indecisão
(o fato de ser geminiana, justifica?).
Enquanto eu buscava solução
Para todos os meus problemas
E me afundava mais neles,
O poema nasceu.
Chegou no momento em que eu tentava
Me libertar de correntes que me prendiam há tempos.
Foi regado com as lágrimas
Que por orgulho eu deixei de chorar
E cercado pelos sorrisos
Que por receio eu deixei de sorrir.
Mas, o poema nasceu,
Fruto dos meus sonhos e ideais,
Como um intruso talvez,
Um filho não planejado
Mas que se ama apesar de tudo.
Foi meu maior grito de revolta
E meu mais sincero desejo de liberdade.

A razão de ter sido o mais lindo?
No meu de tanta tristeza
Ainda houve inspiração para escrever...



Poema Vago


Ao primeiro toque
Se abriu a porta dos sonhos
(e eu que pensava ter perdido a chave há tanto tempo...).
Soltaram-se as bruxas
E os antigos fantasmas
Habitavam o meu lar novamente.
Idéias e lembranças
Já não me pertenciam,
Voavam pelo espaço vago do meu quarto.
E eu, inconsciente, perplexa, via:
- A caixa de vidro inviolável se partira! -
(e eu que achava que ela já não existia...)
Sem que eu quisesse
Minha respiração se tornou mais ofegante,
As palavras que eu havia calado, fluíram
Meu sorriso voltou a reinar
E brilho morno apagado em meus olhos, ressurgiu.
E foi aí que percebi!
Me senti fora de mim,
Como se houvesse uma revolução em meu corpo.
Eu, a dona do mundo e verdade,
Poderosa e soberana dos sentimentos
Me vi incapaz de controlar meus sentidos.
Eu, a indiferente, me vi sonhando,
Revendo o passado,
Eu, a forte e fria, me vi desamparada chorando.
Eu não tinha poder sobre a caixinha dos sentimentos.
Ela não me pertencia, não tinha dono, nem chave,.
Não era de vidro inviolável como eu pensava.
Ela se abre e libera os sonhos
Quando ela quer.
E só então eu me dei conta da minha fraqueza.

Sono de Anjo


Apaguem a luz,
Quero dormir,
Esquecer...
Desliguem tudo.
Barulhos me perturbam,
Me tiram o sono.
E eu preciso descansar
Dessa saudade.

Fumaça


Mais um cigarro,
Outra tragada,
Voa, fumaça!
Voa leve e solta
Que eu te acompanho.
Aprendi a bater minhas asas,
Me sinto fumaça,
Voando também leve e solta.
Sou livre: posso voar!
Já não me importa o mundo,
A crise, a bomba,
Nem os outros me incomodam.
Vivo em paz comigo
E é o que importa.
Voa, fumaça,
Que a vida lá fora me espera.
Há tanto vento forte,
Tanta coisa bela,
Que só indo para viver.
Cansei de dar passo em falso,
De tatear no escuro,
De ter medo.
Chega!!!
Vai, fumaça,
Que depois o vento se encarrega
De te levar pra longe,
De me levar pra perto
Do que eu quero.
(e eu não quero muito)
Quero preencher a vida
De quem me completa,
Fazer feliz a quem me faz.
(e é tão pouca gente...)
Quero isso e nada mais.
O que passou, passou.
O que vale é o agora, o presente.
Quero vivê-lo intensamente!
Então,
Arde, fogo,  me incendeia
E deixa sempre acesa a chama!
Sopra forte, vento,
Levanta a fumaça
E me leva junto!
Eu preciso ir de encontro ao futuro,
Sonho com um futuro feliz
Apesar de saber que no final
Só restam cinzas...


Constantino





Natal me lembra meus pais
Que adoravam o natal
E celebravam a família nesta data.
Em especial, meu pai...
Revejo-o fazendo presépios, montando árvores,
Enfeites, velas, colocando luzes
E tornando minha infância inesquecível.

Depois que meu pai morreu, meu sonho de filha apaixonada era ter uma rua com o nome dele, uma escola, uma biblioteca já que ele gostava tanto de livros. Eu queria eternizá-lo! Difícil... Andarilhos que fomos, não criamos raízes nem história em lugar algum. Meu pai não foi uma pessoa pública nem famosa. Foi importante, sim, mas apenas para quem teve o privilégio de conviver com ele. Meu pai era educado, culto e essencialmente bom. Acreditava sempre no melhor das pessoas, valor que adotei em minha vida e tento passar aos meus filhos.

Meu sonho ficou adormecido.

Foi desperto em junho desse ano com o choro de um menino recém nascido.
Neto da filha “descaradamente” predileta de papai,
Filho de um neto apaixonado por ele,
Primeiro bisneto homem dele
E que orgulhosamente se chama
CONSTANTINO !!!
Quem precisa de nome de rua ou escola pra carregar seu nome quando se tem uma criança da família pra isso?!
O nome do meu pai permanece na família, sua memória continua viva entre nós.
A homenagem me deixou comovida e realizada.
Onde estiver, meu pai deve estar enchicharradamente feliz.
16.12.2008