segunda-feira, 29 de junho de 2009

O LIVRO


O livro emprestado
Fez-me estragos
Só em pensar
Que as mesmas páginas
Que eu folheava
Foram percorridas
Uma a uma
Pelas tuas mãos.

O livro emprestado
Deu-me rubores
Ao imaginar
Que todas as letras,
Detalhadamente,
Foram observadas
E decifradas
Pelo teu olhar.

O livro emprestado
Guardo com zelo, pois
Despertou-me desejos
Ao supor
Teres adormecido
Com ele entre as mãos.

O livro emprestado
Acelerou-me o peito
Deu-me calafrios
Trouxe-me o despeito,
A inveja:
Ele esteve contigo
E eu não.

Que o Chico Buarque nunca cruze o meu caminho


Que o Chico Buarque nunca cruze o meu caminho...
Pois eu sou uma jovem senhora,
Casada, bancária,
Mãe de três filhos,
E se isso acontecer
Eu perco o juízo.
Adoro todas as fases do Chico...
O dos anos 60, dos festivais, da Banda;
O dos anos 70, da ditadura, de Cálice;
O dos anos 80, sem bigode, do Vai passar;
O dos anos 90, escritor, de Paratodos;
O do ano 2000, mais maduro, de Futuros Amantes.
Que o Chico Buarque jamais me apareça,
Para eu não perder a cabeça...
Que eu tenho um fraco por olhos claros
E os do Chico são os mais lindos...
Até concordo se dizem que não é belo,
Mas que culpa tenho
Se com o seu sorriso, me desconcerto?
Durante toda a minha vida
Através das suas canções
Ele esteve comigo.
Então espero NUNCA conhecer o Chico
Para não correr riscos,
Para não pagar micos...
Porque se algum dia eu trombar com o Chico,
Eu não respondo pelos meus atos...
Rasgo a roupa, desço do salto e
Vou querer convencê-lo
De que embora não saiba,
Ele foi feito para mim!
E vou dar trabalho
Até cair em mim,
Descer das nuvens
E deixa-lo ir...

Charmene
(delirando com Chico Buarque em 27 de junho de 2009)