domingo, 24 de maio de 2009

Saudade Dela


Já se passaram seis meses, e tem dias que a saudade fica pior...
Parece a confirmação de algo que eu já sabia desde a morte de papai:
parece que nunca mais nenhuma felicidade será completa.
Só quem vive pode avaliar...
Sinto emoções diferentes, me vejo fazendo e dizendo coisas que ela dizia, como se a vida dela continuasse na minha, ou como se ela estivesse tanto em mim, só que com ela perto eu não percebia.
Tudo ficou diferente.
Faço doces que ela fazia, para matar saudade, mas eles não ficam iguais.
E de repente me lembro de pratos que só ela sabia fazer e que eu nunca mais vou provar.
Revejo retratos tentando lembrar do momento, analiso as roupas, o olhar, o sorriso dela, e procuro em tudo as mãos dela, tão marcantes e habilidosas... Saudade do afago.
Vontade de deitar no colo dela e me deixar ficar...
Saudade...
E vem às vezes um desgosto...Dos meus filhos serem privados da convivência com meus pais. Eles iam se curtir tanto...
E tantas vezes eu me sinto tão órfã... Como se ninguém pudesse me amar como eles me amavam... É um vazio tão grande, pois nessas horas eu me dispo dessa mulher resolvida que sou e volto a ser a menina de sempre cheia de medos e inseguranças...
Precisada de ajuda e conselhos.
Ser tão despachada às vezes me conforta, pois de onde eles estiverem podem ver que eu não fui um caso perdido. Eu venci. Pequenas vitórias, é certo, mas eu venci minhas batalhas interiores e perdi o medo que eu tinha do mundo.
A gente era feliz e nem sabia... Até nossos sorrisos eram mais verdadeiros...
Por que a vida é assim?
Nunca mais terei para quem dançar a minha dança manca, que ela tanto adorava e que eu só fazia para ela... Acho que nunca mais serei engraçada para ninguém, pois ela via em mim um humor que nem eu vejo.
Vontade de entrar na casa dela chamando:
_ Mãe!
Vontade de cantar pra ela:
_ Ei, Flor...
Saudade de ouvir:
_Quem é amiga?

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