domingo, 22 de junho de 2014

VOCE

voce me faz falta
voce me traz calma
voce me quer bem
voce ...

se eu soubesse
teria me guardado
eu teria esperado
seria seu meu primeiro beijo
e a primeira vez

se eu soubesse
que seria assim
teria poupado
tanto sofrimento

ninguem vai nos privar de nós
roubar de nós
nos tirar de nós

voce nasceu pra mim

eu quero vc pra mim
eu quero voce assim

eu ja nao tenho juventude
corpo perfeito
atitude
apenas afeto
sorrisos e gestos

eu tenho essa alma
em frangalhos
esse coração
em pedaços

mas
ainda
assim
tenho
amor






quarta-feira, 30 de abril de 2014

Aldravia I e II Olhos do Chico


I
Olhos
Azul-
Esverdeados
Verde-
Azulados
Chico

II
Céu
Verde-
Azulado
Mar
Azul-
Esverdeado


Minha Família


Eu tive pai, mãe, irmãos.
Essa foi a minha família.
Essa foi a família que conheci.
Não brinquei com primos.
Não fui acalentada por tios.
Não fui paparicada por avós.
Eu sempre tive pai, mãe e irmãos.
Cresci achando que tinha tudo
E não tinha.
Não tive a cumplicidade de primos.
Não tive a platéia de tios.
Não tive os mimos dos avós.
Pela vida afora me faltaram
Esses sorrisos, aplausos, afagos.
Eu tive sempre pai, mãe e irmãos.
Os melhores.
Tentavam suprir esse espaço,
Esse vácuo, esse vazio em mim.
Meus primos, tios e avós
Foram cartas, telefonemas,
Cartões, amêndoas e retratos.
Faltou contato.
Faltaram laços.
Faltaram abraços.
Faltou um pedaço.
Eu achei que tinha tudo
Tendo pai, mãe e irmãos,
E eu não tinha...
É essa a minha tristeza,
Pelo que não tive
E nunca vou ter.
É essa a minha carência
De família, de conviver.
Quem teve primos, tios, avós
Nunca vai me entender...
É por isso que quero atenção
É por isso que busco carinho.
A menina que mora em mim
Quer correr de mãos dadas
Com seus primos.
A garota da minha infância
Quer os tios aplaudindo
Na apresentação da escola.
Minha criança quer todo mundo junto
No almoço de domingo.
Depois, quero a paz
De adormecer, pequenina,
No colo da minha avó...


segunda-feira, 17 de março de 2014

O mistério


Era uma casa como outra qualquer.
Sala, quartos, banheiro, cozinha, quintal.
Nela morava uma família como outra qualquer.
Pai, mãe e filhos.
Mas era uma casa diferente.
Tinha um mistério.
Naquela casa, bicho não morria...
Misteriosamente,
Passarinhos voavam para longe,
Peixes fugiam na enxurrada,
Gatos pulavam pelo muro,
Cachorros escapuliam pelo portão aberto.
Os bichinhos viviam anos na casa
E um belo dia,
Fugiam.
O mais estranho
É que só a mãe via
E narrava o ocorrido aos filhos.
Sempre com riqueza de detalhes!
O passarinho que voou de galho em galho,
O pintinho que foi atrás de uma galinha,
O gato que se foi pelo telhado da vizinha,
O cachorro que fugiu ignorando os chamados aflitos,
O peixe que num dia de chuva pulou fora do aquário...
Sempre a mãe por perto,
Assistindo a tudo e
Não conseguindo impedir a fuga
E contando a narrativa...
Naquela casa bicho não morria.
Mãe não mente,
Suaviza...
Depois de ver a tristeza dos filhos
Diante da morte de entes queridos,
Tanta lágrima, tanta dor...
Decidiu, ou melhor,
Decretou:
Na minha casa bicho não morre!

E era esse o mistério...

(Para meu Davi, que diz que seu DOM é ser amigo dos animais...)